Novos cidadãos dão aula sobre história de Juazeiro na Câmara
Na noite desta segunda-feira (28/08), a Câmara de Vereadores de Juazeiro outorgou a Edmundo Isidoro dos Santos e a Celso Oliveira de Carvalho títulos de cidadão juazeirense.
O primeiro, Edmundo Isidoro, com 84 anos, é professor e pastor, bacharel em teologia, licenciado em filosofia, professor de Português por mais de 40 anos, mestre em educação pela Universidade do Quebec, Canadá, diretor de vários colégios e institutos de ensino médio, presidente da Academia Jacobinense de Letras, autor de artigos, crônicas, com 12 livros publicados. É dele e da professora e historiadora Bebela (Maria Izabel Muniz Figueiredo) o livro “Juazeiro e suas artes”.
No discurso de agradecimento Edmundo Isidoro lembrou que veio a Juazeiro pela primeira vez “nos idos de 40” e falou da recepção dos juazeirenses na chegada do trem, dos paquetes “singrando as águas do rio”, dos vapores, dos pequenos barcos e da “Praça da Bandeira, a praça da Matriz, atapetada de flores, coloridas policrônicas”.
Fez um paralelo entre a Juazeiro de ontem e a Juazeiro de hoje, “com 250 médicos clinicando, com seus sete hospitais e os muitos postos de saúde espalhados pela cidade. Parece pouco, mas basta que nós façamos a comparação entre Juazeiro e outras cidades do mesmo tipo”. Falou da educação, “contamos com oito faculdades cada uma com vários cursos” e da riqueza cultural de Juazeiro.
Falou das vocações de Juazeiro: agricultura irrigada, comércio e dos grandes empreendimentos; falou da história e do desenvolvimento, do teatro e da música de Juazeiro, com conhecimento e proximidade e fez uma declaração de amor à “Juazeiro a cidade da alegria”.
O segundo homenageado, Celso Oliveira de Carvalho, nascido em Vitória da Conquista em 1966, engenheiro, publicitário e formado em jornalismo pela UNEB, conhecido por idealizar, juntamente com Targino Gondim, o Festival Internacional da Sanfona.
Celso Carvalho, falou da “complexidade das razões” para a escolha do lugar onde viver, mas em relação à Juazeiro, “tudo pode ser resumido em quatro letras: A, M, O, R porque tudo deriva do amor” e dissertou de forma didática e apaixonada sobre a cidade que o adotou.
Traçou paralelo entre Conquista, a cidade onde nasceu e Juazeiro: “Conquista é uma cidade com muitas diferenças e muitas semelhanças com esta cidade que hoje me acolhe. Ambas no interior da Bahia e no semiárido. São dois lugares onde os índios moradores originais, foram dominados depois de muita resistência. Juazeiro e Conquista deram muito trabalho (aos portugueses). A bravura deles ficou marcada na nova cultura que se instalou”. Falou dos artistas de Conquista e de Juazeiro, das semelhanças e diferenças e da história de Juazeiro:
“Conheci Juazeiro na década de 70 e depois, passados dez anos, engenheiro, comecei a trabalhar na Shell e Juazeiro fazia parte da minha área de atuação. E era muito interessante descobrir a cidade e principalmente conviver com as pessoas daqui, com o clima cultural e com o que o historiador Teodoro Sampaio escreveu sobre o que ele sentiu aqui. Teodoro Sampaio esteve aqui em outubro de 1879. Juazeiro foi fundado em 1878, tinha um ano de fundado, ele esteve aqui e escreveu um texto onde enumera as razões objetivas da força econômica de Juazeiro, a conjunção da navegação até Minas, a via férrea, as estradas para o Piauí e para o Ceará, mas vou pegar um trecho do que ele escreveu que se refere a aspectos menos objetivos, mas tão determinante quanto o aspecto econômico, ou mais. Disse Teodoro Sampaio: a cidade de Juazeiro é considerada, com razão, o empório do sertão do São Francisco, a corte do sertão, as suas construções, o estilo arquitetônico o teatro, ele fala do teatro em 1879! Aquela população nos alegrava. Isso foi registrado há 130 anos”
Estendeu-se, discorrendo sobre as características do juazeirense, “antenado”, “informado” Juazeiro consumia itens culturais que você só encontrava na capital”.
“E isso não era novidade” – discorreu Celso Carvalho – “Descobri um texto de dois séculos antes, de 1670, escrito por um francês, Frei Martins de Nantes, esteve em Juazeiro com Dias D’Ávila que era o donatário das terras. Ele escreveu o seguinte, em 1676: Notamos na população do Juazeiro a mais obsequiosa atenção e urbanidade”
Ao longo de quase trinta minutos Carvalho deu uma aula de história e de sua pertinácia ao buscar fontes que poucos conhecem ressaltando a alegria, a urbanidade e o cosmopolitismo de Juazeiro, encravada no sertão da Bahia.